quinta-feira, 19 de março de 2015

Artigo: Uma advertência aos políticos

19/03/2015 14:32
Os políticos e os legisladores devem ter um profundo sentido de responsabilidade em relação ao bem comum dos cidadãos que a eles delegam a função de governar o país. Como sabemos, a política é uma das maneiras de realizar o compromisso cristão de servir ao próximo, visando, principalmente, seu bem-estar social e sua paz.

Contudo, perante o crescente declínio político-social que nos envolve é preciso que nos questionemos: a quem nós estamos elegendo?  De fato, estamos fazendo do processo eleitoral - e de nosso voto - uma oportunidade para que o outro alcance as condições necessárias para diminuir as gritantes diferenças econômicas e sociais que há em nosso país? Como justificar o fato de que vários políticos que se declaram cristãos estão envolvidos em tantos casos de corrupção, suborno e desvios de verbas públicas?       
Todo aquele que quer seguir uma carreira política deve primeiro conhecer e meditar o Evangelho de Cristo, pois, em Sua Boa Nova, Jesus nos ensina que a atitude essencial do fiel cristão, que é revestido de alguma forma de poder, é sempre estar a serviço; não de seus próprios interesses ou de seus familiares, mas da coletividade de sua Nação. Ou seja, o político e os legisladores não devem fazer do cargo político um meio de buscar unicamente o seu proveito pessoal.
“Quem assume uma liderança na sociedade deve procurar prever as consequências sociais, diretas e indiretas, a curto e a longo prazo, das próprias decisões, agindo segundo critérios de maximização do bem comum, em vez de procurar ganâncias pessoais”. (Discurso do Papa Bento XVI aos bispos, na Catedral da Sé, em 11 de maio de 2007).       
Também para os políticos e legisladores valem as admoestações e censuras que encontramos nas Sagradas Escrituras. Não faria nenhum mal aos políticos meditar profundamente naquilo que nos diz o profeta Isaías:
“Ai dos que juntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo até que não haja mais espaço disponível!... Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal, dos que transformam as trevas em luz e as luz em trevas, dos que mudam o amargo em doce e o doce em amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e inteligentes na sua própria opinião! Ai dos que são fortes para beber vinho e dos que são valentes para misturar bebidas, que absolvem o ímpio mediante suborno e negam ao justo a sua justiça!” (Is 5,8 e 20-23).
Pelas decisões a que são chamados a tomar, grande é a responsabilidade dos políticos e dos legisladores. Estes, não podem se esquecer de que, ao propor ou defender leis iníquas ou imorais, serão responsabilizados pelas suas consequências, diante de Deus. Estes, não podem se esquecer de que, ao se envolver nos desvios de verbas públicas, que deveriam ser destinadas à melhoria das condições de vida de toda a população, serão responsabilizados, pelas devidas consequências, diante de Deus.
Qualquer legislador que aprove ou defenda leis como o aborto, a eutanásia ou a união dos homossexuais, não pode e não deve se aproximar da Mesa Eucarística. Guiados pela consciência cristã, nós temos que nos empenhar na formação política de fiéis cristãos que tenham um profundo sentido da ética e da moral, bem como tenham conhecimento e vivência da dimensão fundamental e irrenunciável do Evangelho.
Se há tantos escândalos e tantas falcatruas entre os nossos políticos é porque, infelizmente, muitos se esquecem que, sem a presença de Deus, não há virtudes, não há graça, não há justiça, não há esperança e não há a possibilidade de um mundo novo.
Temos que tomar mais a sério a política, pois esta se manifesta em diversas ações que realizamos no nosso dia-a-dia! Temos que tomar mais a sério a política, pois, como nos afirma Paulo VI: “A política é uma das mais altas expressões da caridade cristã!”. Temos que tomar mais a sério a política, para que não se repita o grave erro de delegarmos poderes a quem não está preparado para servir bem à nossa Nação!
“Tomar a sério a política, nos seus diversos níveis, local, regional, nacional e mundial, é afirmar o dever do homem, de todos os homens, de reconhecerem a realidade concreta e o valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade!” (Paulo VI, “Octogesima Adveniens, nº 46”).
Que o nosso desejo de vida fraterna e de sede de justiça nos leve a despertar a nossa consciência política, para que os erros do presente não venham a se repetir no futuro!

Por Aloísio Parreiras
Escritor e membro do Movimento de Emaús

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