terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Economia e vida

Artigo publicado pela Revista Família Cristã.

Ano 76 – No. 890 – fevereiro de 2010, pp.14-15

A CF (Campanha da Fraternidade), que já está na sua 46ª edição, continua realizando sua história de serviço à vida, à família e à sociedade. Neste ano, pela terceira vez, ela é realizada de modo ecumênica, tendo como tema: “Economia e vida”. A Campanha deste ano propõe, para toda a Igreja e a sociedade, uma reflexão mais comprometida com a situação socioeconômica da maioria de nossos irmãos que encarnam os novos rostos da pobreza na pluralista sociedade atual. No contexto da miséria e da fome, da falta de saúde e moradia, da precariedade no trabalho de um grande número de famílias que vivem uma realidade social que contraria o plano de Deus e sustenta a exclusão e injustiças diversas, sendo grandes os desafios que nos impulsionam a repensar nossas atitudes em relação à promoção da vida e da família e a construção de uma sociedade mais justa, humana e solidária.

Por certo, isso exige empenho para que tenhamos mais justiça e consciência pessoal e social, compromisso ambiental e compromisso no sentido de superação da miséria e da fome, tudo tendo como luz o valor da pessoa humana e da sua dignidade.

Aproveitando a oportunidade ímpar desta CF, evidenciamos que cabe a todos os brasileiros, a todas as pessoas de boa vontade e, especialmente, aos sacerdotes, agentes da Pastoral Familiar, movimentos, serviços e institutos familiares se empenharem a fundo na divulgação e desdobramento criativo desta Campanha. Que ela se concretize numa ação intensa, que abra espaço para os debates, ponderações e propostas de iniciativas definidas para superar o materialismo.

Ação e compromisso – A CF ecumênica de 2010 conclama a cada família a realizar uma séria revisão de vida para reconhecer as responsabilidades diante dos problemas decorrentes da vida econômica, em vista da própria conversão. As famílias também devem se envolver, reservando, por exemplo, um dia da semana para juntos visitar uma instituição, comunidade ou família carente, fazendo uma experiência de partilha; usar o dinheiro que recebe honestamente e com esforço, fruto do seu trabalho, comprando só o essencial e reservando o que economizou para necessidades especiais e para uma boa ação.

Os encontros entre famílias ao longo da campanha possibilitarão um diálogo e a buscar caminhos para uma colaboração efetiva em relação às questões econômicas que cercam as famílias. É necessário conversar sobre o assunto para formar maior consciência e consistência a respeito do modelo de sociedade que queremos construir.

Tomara que desta mobilização surjam muitas iniciativas locais e nacionais para defender corajosamente, sem concessões, a erradicação definitiva do analfabetismo em todo o Brasil; a eliminação do trabalho infantil; a jornada de trabalho acima daquela permitida por lei; a defesa das leis trabalhista; a garantia dos direitos de subsistência para uma vida digna, superando carências econômicas e limitações sociais. Precisamos passar de apenas discursos éticos a decisões e atitudes efetivas e eficazes, determinadas e fortes. Para alcançar as metas dessa campanha e indispensável mobilização das famílias, das forças sociais e da colaboração entre Igreja e sociedade para acompanharem e incentivarem os vereadores, deputados e senadores, na enorme responsabilidade que têm, dentro do Estado democrático de encontrar solução dos problemas sociais.


Pe. Bento, Luiz Antonio

é assessor nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família e coordenador da Comissão de Bioética da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Licenciado em Filosofia, graduado em Teologia e mestre e doutor em Teologia Moral/Bioética, também é professor no Curso Superior de Teologia e Instituto São Boaventura, em Brasília (DF).

Fonte: Pastoral Familiar - CNBB

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